Ao pesquisar e estudar as tendências de consumo, é interessante observar como a mescla entre as áreas correlacionadas ocorre de forma bastante natural. Falando sobre a arquitetura e o design, por exemplo, é possível notar a influência direta da moda e da arte.
Indo além do estilo Oriental (toque aqui para ler), com todos os conceitos e referências visuais trazidas do oriente, e buscando entender como o outro lado do mundo é capaz de influenciar tantas áreas, podemos encontrar uma explicação através do Japonismo.
O Japonismo, resumidamente, é a influência de obras artísticas e da cultura do Japão no Ocidente. O início estimado para esse movimento é por volta da segunda metade do século XIX, sendo um termo utilizado pelo crítico francês Jules Claretie pela primeira vez em seu livro “A arte francesa em 1872”.
Esse movimento começou a ganhar visibilidade através de exposições em cidades como Londres e Paris, onde a gravura e a xilogravura tornaram-se técnicas muito bem aceitas. As estampas “ukiyo-e” (tipo de desenho que retrata a vida urbana no período Edo de 1603 a 1867, antes da abertura cultural do Japão para o ocidente) de objetos decorativos e artísticos japoneses acabaram influenciando os meios artísticos ocidentais, representando um papel importante na evolução de artes decorativas, pinturas e até arquitetura do século XIX e começo do século XX, auxiliando os artistas a criarem novas formas de expressão.
Foto por Matthew Buchanan
Graças ao isolamento mantido pelo Japão com o ocidente, sua cultura foi mantida e fortalecida, permanecendo de certa forma oculta do resto do mundo e criando estilos totalmente originais de arte, tanto na parte visual quanto na produção das mesmas. Quando o Japão se abriu a trocas culturais com o ocidente, os produtos foram amplamente comercializados com elevados valores, pela boa qualidade e beleza diferenciada, principalmente em terras europeias. Depois disso, a cultura japonesa começou a se instalar no ocidente.
Mesmo com a forma influência japonesa, o Japonismo não é uma cópia do Japão, e sim a união entre duas culturas, que gerou muitas inovações e inspirações para diversos movimentos, como Impressionismo e Art Nouveau. Muitos aspectos do japonismo também foram absorvidos e utilizados como referência por diversos artistas, como Van Gogh, Manet, Degas, Gauguin, Seurat, Mucha, Bonnard e Matisse.
Foto por Jean Carlo Emer
COMO APLICAR O JAPONISMO?
O Japonismo não é um estilo – como o Oriental, por exemplo -, mas sim uma tendência que foi adaptada do oriente para o ocidente. Grande parte desse conceito é baseada nas artes feitas através de gravuras e xilogravuras japonesas, portanto, utilizar essas artes na decoração através de quadros ou até mesmo em estampas é uma ótima maneira de levar essa tendência para os ambientes de maneira prática.
Foto por Furkanfdemir
DE OLHO NAS CORES
- Cores mais vivas, como vermelhos e azuis escuros – incluindo seus derivados, como o bordô -, aparecem nos mais diferentes formatos, tanto em grande quantidade quanto apenas em alguns detalhes para criar destaques;
- Como muitas das gravuras japonesas apresentavam o cotidiano da natureza, tons mais naturais também são muito explorados. Invista em uma cartela de cores que conversem com marrons e beges, e adicione pequenos toques de cor;
- A aplicação das cores em grande escala – como em paredes inteiras – é outro ponto que chama bastante atenção. Mantenha a maior parte do ambiente com tons leves e invista em espaços definidos para aplicar algo mais contrastante!
Foto por Marta Dzedyshko
ORGANICIDADE EM ALTAS DOSES
- Árvores, pássaros e ondas foram os grandes destaques das gravuras japonesas que deram origem ao Japonismo. O que esses itens têm em comum, além de serem da natureza, são as formas orgânicas;
- Cantos arredondados – que falamos nos conteúdos sobre Arquitetura orgânica e Neotenic Design – também são muito utilizados nessa tendência, tanto na arquitetura dos espaços quanto nos móveis;
- Utilize itens de decoração com formatos redondos ou ovais, como tapetes, espelhos e vasos. Se quiser ousar um pouco mais, opte por poltronas em formatos orgânicos e sem muitas linhas retas.
Foto por Monstera
SEM MEDO DE MISTURAR
- Não é necessário aplicar todos os conceitos do Japonismo para criar um ambiente com essa tendência. Mesclar elementos é o que garante a essência da união proporcionada entre diferentes as culturas que é pregada por esse movimento;
- Por mais que essa tendência traga uma grande carga de informação, através das cores e da arte, é importante sempre lembrar sobre o equilíbrio que o oriente valoriza em todos os aspectos;
- Ainda como derivação do movimento maximalista (toque aqui para ler), as misturas estão em ascensão, então não tenha medo de fazer boas junções!
Foto por Yan Krukov