A premissa da tendência Wabi Sabi é a beleza na imperfeição. Por ser uma expressão exclusivamente japonesa, não possui uma tradução exata em português nem em outros idiomas.
Conta a lenda que um jovem japonês desejava aprender os complicados rituais da cerimônia do chá com seu grande mestre. Para testá-lo, o mestre pediu que ele varresse o jardim do templo.
Com cuidado, ele limpou cada canto do jardim. Tudo estava perfeito, nenhuma folha caída ou areia fora do lugar… as pedras e plantas também estavam todas organizadas.
Porém, antes de apresentar seu trabalho ao mestre, ele sacudiu o tronco de uma cerejeira, fazendo algumas folhas caírem despretensiosamente pelo chão. O mestre, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro, pois com essa atitude ele mostrou que existe beleza na imperfeição.
Foto por Sean Pavone
Literalmente falando, podemos dizer que “Wabi” significa simplicidade, rústico… enquanto “Sabi” se refere à beleza da idade, desgaste do tempo.
Foto por Photographee
É um conceito baseado na aceitação, transitoriedade e imperfeição. Aceitar que o belo é imperfeito e incompleto. Um exemplo são os tapetes persas, que sempre possuem um pequeno defeito que garante sua autenticidade.
Perfeição só existe na ficção. A vida real é imperfeita.
Foto por Yuliia Mazurkevych
Podemos perceber esse conceito em diversas artes japonesas como a Ikebana (arte de arranjos florais), jardins zen, bonsais, cerâmicas japonesas e a tradicional cerimônia do chá.
Foto por Gingo Scott
Algumas características dessa tendência são a assimetria, aspereza, irregularidade, simplicidade, rusticidade, austeridade e modéstia. Uma forma de pensar muito ligada ao slow living, uma vez que busca a conexão com o autêntico e com a natureza, reconhecendo três realidades essenciais: nada dura, nada é completo, nada é perfeito.
Foto por ImageFlow
Algo que podemos notar nessa tendência é o foco no processo, e não no produto final. Na jornada e não apenas no objetivo. Por exemplo: aproveitar ao máximo o processo da decoração e construir ela aos poucos.
Isso nos faz lembrar da tendência decoração afetiva, onde tudo conta uma história. É importante enxergar o belo na imperfeição e nas marcas que ficam registradas com o passar do tempo, como rugas e cicatrizes em nossos corpos.
Foto por Africa Studio
O kintsugi é a arte japonesa de reparar com laca de ouro ou prata objetos quebrados. Quando algo com história é danificado e sofre algum infortúnio, esse acontecimento entra na história do objeto. Portanto, deve ser enaltecido e celebrado, tornando, por exemplo, a cerâmica reparada mais forte e mais bela do que a original.
Foto por photoBeard
Quando queremos inserir o wabi sabi na decoração, devemos optar por ambientes mais aconchegantes e naturais, minimalistas porém rústicos, fazendo um contraponto de objetos modernos com objetos recheados de história.
Foto por Svetlana Lukienko
Formas irregulares e imperfeições também caem muito bem. Não esconda aquela rachadura, nem o cantinho quebrado de algum objeto… faça móveis diferentes com troncos de árvores, por exemplo, ou então reaproveitando algo que iria para o lixo.
Enfim, valorize peças que trazem lembranças e que cultivem histórias.
Foto por Alena Ozerova
Assim como na decoração afetiva, o Wabi Sabi prega o oposto do que estamos vivendo nos dias atuais. Prega a desconexão, a imperfeição e o relaxamento.
As pessoas buscam por tecnologia para facilitar suas vidas. Porém, muitas delas não querem isso na decoração de seus ambientes… Principalmente em se tratando de residências. Afinal, o lugar de descanso deve nos conectar ao que realmente é importante e essencial em nossas vidas.